Vivendo no passado
Saanen, Switzerland, 5 August 1973Ora, a pessoa vê tudo isso observando, estando cônscia, olhando, a pessoa está cônscia de tudo isto. Então a partir dessa consciência você vê que não existe divisão entre o observador e o observado. É um truque do pensamento que exige segurança. Por favor não madame, por favor. E estando cônscia, vê que o observador é o observado, que a violência é o observador, a violência não é diferente do observador. Agora como o observador vai acabar com ele mesmo e não ser violento? Você entendeu minha questão por enquanto? Acho que sim. Certo? O observador é o observado, não existe divisão e portanto nem conflito. E o observador está então, conhecendo as dificuldades de nomear, linguisticamente preso na imagem da violência, o que acontece com essa violência? Se o observador é violento, pode o observador findar, do contrário a violência prosseguirá? Pode o observador findar com ele mesmo, porque ele é violento? Ou que realidade tem o observador? Certo senhor? Ele é simplesmente reunido por palavras, experiência, conhecimento? Então ele é reunido pelo passado? Ele é o passado? Certo? O que significa que a mente está vivendo no passado. Certo? Obviamente. Você está vivendo no passado. Certo? Não? Enquanto houver um observador, terá que haver viver no passado, obviamente. E toda nossa vida se baseia no passado, memórias, conhecimento, imagens, de acordo com as quais você reage, o que é seu condicionamento, é o passado. E viver tornou-se o viver do passado no presente, modificado no futuro. Isso é tudo enquanto o observador vive. Agora, a mente vê isso como verdade, como realidade, que toda minha vida é viver no passado? Posso pintar os quadros mais abstratos, escrever os poemas mais modernos, inventar as máquinas mais extraordinárias, mas estou ainda vivendo no passado.